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Pesquisa: Como o centro histórico de Manaus pode se transformar em polo tecnológico da Amazônia

28 de maio de 2025

Em meio à floresta amazônica, um grupo de estudantes decidiu olhar para o futuro — e encontrou no passado de Manaus o ponto de partida para uma revolução. Os discentes Eduardo Soles, Gracyane Raitzz, Reinier Freitas, Tatiana Sousa, Teresa Moraes e Francisco Novaes, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), escolheram transformar em objeto de estudo uma proposta já aprovada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep): o Parque Tecnológico e Distrito de Inovação da Ilha de São Vicente, no coração da capital amazonense.

Fonte: Via Estação do Conhecimento e Discentes do Território de Manaus-AM, 2025.

Mas não se trata de um projeto teórico. É um plano com base real, validado em edital federal, que agora ganha profundidade estratégica e leitura territorial por meio de um estudo detalhado, conduzido a partir das reais demandas da cidade.

Fonte: Anexo II do Decreto Municipal Nº 5.148, de 02 de setembro de 2021 no Diário Municipal de Manaus (2021).

Por que esse projeto importa

A disciplina Habitats de Inovação propôs aos alunos um desafio direto: propor soluções reais para transformar um território local com base em modelos de inovação. O grupo escolheu um caminho ousado — e extremamente relevante: aprofundar o estudo de uma iniciativa já aprovada pela FINEP, oferecendo contribuições práticas para sua execução e impacto.

A proposta estudada é mais do que revitalizar uma área histórica: ela reposiciona Manaus como protagonista da inovação na Amazônia, articulando tecnologia, cultura, inclusão e desenvolvimento urbano.

Fonte: Elaborado pelos Pesquisadores, Mapeamento 2025.

Como o estudo foi conduzido

A metodologia utilizada foi o Ciclo VIA, desenvolvida pelo grupo VIA Estação Conhecimento (UFSC), referência nacional em planejamento de ecossistemas de inovação. O processo combinou pesquisa de campo, mapeamento de atores, escuta ativa da comunidade e oficinas participativas.

Em abril de 2025, o grupo promoveu um workshop remoto que reuniu 38 representantes do ecossistema manauara, entre empreendedores, gestores públicos, investidores, pesquisadores e organizações da sociedade civil. A atividade resultou na identificação de 39 desafios concretos, organizados em quatro grandes temas:

  • Inclusão e engajamento comunitário;
  • Infraestrutura urbana e mobilidade;
  • Comunicação entre os atores do ecossistema;
  • Baixa articulação entre universidades e o setor produtivo.

Fonte: Via Estação do Conhecimento e Pesquisadores, Mural Canva do Problema, 2025.

Esse mapeamento permitiu que o grupo elaborasse soluções não apenas viáveis, mas alinhadas às vocações, oportunidades e urgências do território.

O que o estudo propõe

Durante o workshop, cinco soluções prioritárias foram elencadas pelos participantes e, posteriormente, aprofundadas pelo grupo. O resultado é um conjunto de estratégias que não apenas reforçam a proposta original do Parque Tecnológico da Ilha de São Vicente, como também a expandem com foco em impacto social, viabilidade técnica e conexão com os potenciais locais.

Entre as principais ações destacam-se:

  • Fomentar o surgimento de novos empreendedores amazônidas, por meio de programas estruturados de incubação, capacitação e mentoria, que deem suporte desde a ideação até o lançamento de negócios inovadores;
  • Estabelecer conexões ativas entre startups e centros de pesquisa, aproximando o conhecimento acadêmico das necessidades de mercado e incentivando o desenvolvimento de soluções tecnológicas com valor social e econômico;
  • Reocupar imóveis históricos com uso inovador e estratégico, transformando espaços subutilizados em ambientes dinâmicos de trabalho colaborativo, experimentação e cultura empreendedora;
  • Fortalecer o vínculo entre o parque e a população local, com ações que promovam engajamento comunitário, acessibilidade e entendimento claro sobre os benefícios sociais da inovação;
  • Expandir a presença do ecossistema para o interior do Amazonas, promovendo a descentralização da inovação e conectando novas regiões a oportunidades de desenvolvimento sustentável.

Essas propostas não apenas ampliam o alcance da iniciativa aprovada pela FINEP, como oferecem um plano integrado e territorializado, capaz de guiar sua implementação com efetividade e impacto duradouro.

Fonte: Elaborado pelos Pesquisadores, 2025.

Um novo centro para Manaus — e para a Amazônia

O estudo mostra que a Ilha de São Vicente, com sua localização estratégica, relevância histórica e vocação para inovação, reúne todos os elementos para se tornar um marco da nova economia amazônica. Equipamentos como o Casarão da Inovação Cassina, o Mirante Lúcia Almeida e o futuro Mercado de Origens já compõem um cenário urbano fértil para esse novo momento.

Fonte: Prefeitura de Manaus-AM, 2025.

A proposta reposiciona Manaus como referência em áreas como bioeconomia, energias renováveis, tecnologias da floresta, TICs e ciências da vida, integrando passado, presente e futuro em um mesmo território.

E o mais importante: essa transformação já começou.

Fonte: Elaborado pelos Pesquisadores – Região da Ilha de São Vicente

Por que isso interessa a você

Este estudo mostra que a inovação não precisa vir de fora. Ela pode — e deve — surgir do território, conectada à cultura, aos talentos e aos desafios locais. O que este grupo de estudantes realizou vai muito além de uma atividade acadêmica: eles traçaram um caminho possível, replicável e sustentável para transformar Manaus em um polo de inovação inclusiva, com identidade própria e impacto real.

Fonte: Elaborado pelos Pesquisadores, 2025.

Sobre os autores

O trabalho foi desenvolvido por Eduardo Soles, Gracyane Raitzz, Reinier Freitas, Tatiana Sousa, Teresa Moraes e Francisco Novaes, discentes do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC. A pesquisa foi conduzida com o apoio do grupo VIA Estação Conhecimento, referência em metodologias de inovação com base territorial, e reconhecido por conectar academia, setor produtivo e sociedade civil.

Fonte: Via Estação do Conhecimento, 2025.

Fonte: Via Estação do Conhecimento, 2025.

Texto elaborado por: Eduardo Cavalcante dos Santos; Gracyanne Raittz Taveira; Teresa Maria Alves dos Santos Morais Francisco Novaes; Reinier Alex de Oliveira Freitas e Tatiana Sousa FerreiraEspecialmente para o i9Brasil Portal de Notícias

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