Escolas bloqueiam Wi-Fi para restringir uso de celular nas salas de aula, revela nova edição da pesquisa TIC Educação

Após mais de uma década de ampliação da conectividade nas escolas, os indicadores de acesso à internet e disponibilidade de computadores evoluíram ao ponto de ser criado um novo dilema: bloquear a conexão para coibir o uso dos celulares nas salas de aula.
Como aponta a nova edição da pesquisa TIC Educação, divulgada nesta terça-feira (6/8), 81% das instituições têm acesso a internet e 57% têm internet e computador para os estudantes – notadamente nas escolas públicas estaduais (97%). Mas ao lado da maior conectividade e oferta de dispositivos, cresceu o rol de restrições.

“Cresceu a não permissão de acesso ao WiFi na escola pelos estudantes. E observamos isso tanto nas escolas municipais, estaduais e particulares. E isso tem relação com a definição de regras para o uso do telefone celular. Cada escola tem feito sua regra, seus combinados com estudantes e famílias. A proibição ocorre com um pouco mais de intensidade em escolas municipais, particulares, Sudeste e Centro-Oeste”, avalia a coordenadora da pesquisa pelo Cetic.br, o braço de estudos do NIC.br, Daniela Costa.
Assim, as escolas que liberam o acesso à senha do WiFi caíram de 35% para 26%, enquanto aquelas que adotam medidas de restrição ao acesso passaram de 48% para 58%.

“Fica mais evidente esse movimento de não permissão do uso do dispositivo quando a gente olha para o dado das escolas desagregado pelo nível de ensino. Aquelas que ofertam até o quinto ano do fundamental, crianças de 10, 11 anos, há um movimento de redução no uso, restrição de acesso. Movimento semelhante ao das escolas dos anos finais do fundamental, 14 e 15 anos, que também não têm permitido o uso do dispositivo”, completou Daniela.

“Sempre associamos limitação de WiFi à escassez de conectividade. Mas no contexto de discussão sobre regras de uso de telefone celular, o WiFi também passa a ser um espaço de regulação de uso do celular, uma vez que muitos alunos não tem acesso a todo o tempo ao pacote de dados móveis”, lembra o coordenador de pesquisas do NIC.br, Fabio Senne.
Texto: Luís Osvaldo Grossmann(Abranet)