Pesquisadora do Inpa é uma das 6 mulheres premiadas pelo CNPq

A pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Camila Ribas, é uma das seis mulheres brasileiras a serem agraciadas na primeira edição do Prêmio Mulheres e Ciência, idealizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Em entrevista concedida com exclusividade à jornalista Amanda Mota, do i9Brasil Portal de Notícias, ela conta mais sobre sua vida profissional e sobre a premiação que irá receber no dia 12 de março, na sede do CNPQ, em Brasília (DF).
Atualmente, a pesquisadora dedica-se aos estudos da biodiversidade da Amazônia com foco nas aves e nas paisagens, investigando a história evolutiva e os impactos e ameaças aos diferentes ambientes amazônicos.
Entrevista
1) Quem é a pesquisadora Camila Ribas?
Nasci em Curitiba, cresci no Rio de Janeiro e fiz graduação (UNESP), mestrado e doutorado (USP) em São Paulo, depois fiz pós doutorado no American Museum of Natural History em Nova York.
A graduação foi em Ciências Biológicas e o mestrado em doutorado em Genética e Biologia Evolutiva.
Atualmente estudo a biodiversidade da Amazônia com foco nas aves e nas paisagens, investigando a história evolutiva e os impactos e ameaças aos diferentes ambientes amazônicos.
2) Você está entre as seis mulheres brasileiras premiadas neste 1ª edição do prêmio Mulheres e Ciência do CNPq. Como recebeu essa notícia e o quê sentiu no momento?
Fiquei bastante surpresa, e claro que fiquei feliz pelo reconhecimento da carreira até aqui.
Trabalho muito há muitos anos e é ótimo saber que outras pessoas consideraram meu trabalho bom.
A iniciativa do CNPq premiar mulheres é muito bem vinda, afinal estamos em constante desvantagem devido a estrutura social em que vivemos.
3) Fale um pouco sobre a proposta que submeteu ao CNPq para concorrer à premiação.
Não foi uma proposta e sim uma descrição curta dos meus trabalhos mais importantes, o que também foi ótimo.
O CNPq fez um edital de prêmio fácil de se inscrever, essencial para estimular a participação das mulheres, que fazem tantas coisas ao mesmo tempo.

4) O que considera o principal motivador para ter submetido sua proposta a esse prêmio?
O fato de que prêmios para mulheres são uma reparação necessária e muito bem vinda.
Assim, quando esses prêmios são propostos creio que devemos participar para valorizá-los e mostrar que temos sim muito trabalho de qualidade pra ser premiado.
5) Qual a sua opinião sobre a vida profissional dedicada à Ciência/ Pesquisa Científica?
É um privilégio trabalhar todos os dias em algo que eu gosto muito, que sempre é instigante e novo. Estudar a natureza é o que eu mais gosto de fazer e faço o tempo todo, independente das horas úteis da semana.
Trabalhar no INPA e ter como profissão desenvolver pesquisa, gerar conhecimento, formar novos pesquisadores e retornar esse conhecimento para a sociedade é extremamente recompensador, por mais que muitas vezes seja cansativo e difícil.
6) Que mensagem gostaria de deixar para as outras mulheres que submeteram as propostas e para as que pensam em submeter numa próxima edição?
Que todas se inscrevam nas premiações e outras ações voltadas para mulheres.
Usem as prerrogativas de ser mulher cientista sempre que puderem, enquanto também lutam por mudança pra chegar um dia, ainda distante, a uma sociedade sem discriminação em que esse tipo de distinção não será mais necessária.
Um sentimento que me deixou desconfortável ao ganhar o prêmio foi quando pensei em todas as muitas outras mulheres cientistas que merecem ser premiadas.
Só eu conheço dezenas, muitas aqui na Amazônia.
Infelizmente prêmios são individuais. Talvez esteja na hora de tentarmos ser criativos e pensar em premiações coletivas, reconhecendo de alguma forma o trabalho de todas as inscritas.
7) O que mais gostaria de comentar e deixar registrado nesta oportunidade?
Que eu devo esse prêmio à Amazônia de diversas maneiras.
Vivo em Manaus desde 2009 e tem sido um aprendizado constante.
Aprendi muito com a comunidade científica que atua nas instituições Amazônicas e com as populações tradicionais indígenas e ribeirinhas que conhecem a região como ninguém e cujo conhecimento muitas vezes não é valorizado.
Essa vida que construímos em Manaus é uma parceria com meu companheiro e minhas duas filhas. Sem eles nada disso seria possível.
Minibio de Camila Ribas*
Possui graduação em Ciências Biológicas pela UNESP-Rio Claro (1996), mestrado (2000) e doutorado (2004) em Genética e Biologia Evolutiva pela Universidade de São Paulo.
Foi “Chapman Postdoctoral Fellow” junto ao Depto de Ornitologia do American Museum of Natural History (2005-2007) e é pesquisadora associada à mesma instituição desde 2008.
Trabalha atualmente na Coordenacão de Biodiversidade e no Programa de Coleções Científicas Biológicas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, onde é Curadora da Coleção de Recursos Genéticos e Vice-Curadora da Coleção de Aves.
Tem experiência nas áreas de Biogeografia, Genômica, Evolução e Zoologia (Ornitologia), com ênfase em Biogeografia e Conservação da Amazônia.
A pesquisa atual é voltada para o estudo de padrões e processos de diversificação na região Neotropical com ênfase na história biogeográfica da região Amazônica, e no estabelecimento de parcerias com comunidades locais indígenas e ribeirinhas para monitoramento de mudanças ambientais e seus impactos.
*Texto extraído do Currículo Lattes da Pesquisadora.
Fotos: Arquivo pessoal da pesquisadora.
Por Amanda Motta