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Pesquisadores usam IA para diagnóstico do transtorno do espectro autista

17 de julho de 2023

Um estudo publicado na revista Scientific Reports propõe uma metodologia quantitativa baseada em redes cerebrais para auxiliar no diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Técnicas de aprendizado de máquina e dados de imagens cerebrais de 500 pessoas, incluindo 242 indivíduos do espectro, foram utilizadas para desenvolver um método de diagnóstico mais preciso. A acurácia dos testes foi superior a 95%.

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O TEA é uma condição de neurodesenvolvimento, cujos sintomas associados variam consideravelmente. A incidência, segundo o último relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, é de um caso a cada 36 pessoas e não há um marcador bioquímico que permita determiná-lo com precisão.

A pesquisa, liderada pelo professor Francisco Rodrigues, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), em São Carlos, sugere que a análise de redes cerebrais pode revelar alterações associadas ao TEA.

“Até há alguns anos, pouco se sabia sobre as alterações que levam ao surgimento de sintomas. Hoje sabe-se, por exemplo, que circuitos cerebrais alterados em pacientes com TEA podem estar relacionados a alguns comportamentos. No entanto, a maioria dos estudos anatômicos mostra que as alterações são pouco visíveis, o que nos indica a dificuldade de diagnosticar os casos mais leves. Portanto, nosso trabalho é um passo importante em direção a novas metodologias que permitam um melhor entendimento dessa neurodivergência”, explica o professor Rodrigues.

Os resultados obtidos mostraram que as redes cerebrais de pacientes com autismo apresentam maior segregação, menos distribuição de informações e menos conectividade em comparação com indivíduos neurotípicos. Essas alterações afetam regiões envolvidas em processos cognitivos, emocionais, de aprendizagem e memória.

Embora a metodologia ainda esteja em desenvolvimento e leve anos para ser implementada, o estudo representa um avanço significativo no entendimento das diferenças no cérebro de indivíduos com TEA. Essa abordagem poderá auxiliar os especialistas no diagnóstico, especialmente em casos de maior complexidade.

Boas perspectivas

Além do autismo, a análise de redes cerebrais tem mostrado resultados promissores no diagnóstico de outras condições, como esquizofrenia e Alzheimer. A pesquisa multidisciplinar envolveu físicos, estatísticos, médicos e neurocientistas de diferentes centros no Brasil, França e Alemanha. O estudo contou com o apoio da FAPESP, que concedeu bolsas de doutorado para pesquisadores envolvidos na pesquisa.

A expectativa é que, ao compreender melhor as alterações nos circuitos cerebrais e sua influência no comportamento, seja possível direcionar políticas públicas e tratamentos mais eficazes para os pacientes, melhorando sua qualidade de vida.

O artigo completo pode ser lido neste link

Portal i9Brasil, com informações da FAPESP

Foto: Freepik

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