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Quase 40% das startups de impacto estão nas regiões Norte e Nordeste do Brasil

18 de maio de 2024

Os dados fazem parte do Report Brasil 2024 produzido pelo Observatório Sebrae Startups. O estudo mapeou as empresas entre os meses novembro e dezembro de 2023

SÃO PAULO – Um total de 36% das startups de impacto brasileiras estão localizadas entre as regiões Norte e Nordeste, com destaque de concentração para o Norte, cuja população é quase a metade de habitantes do Sul. Os dados fazem parte do Report Brasil 2024, mapeamento produzido pelo Observatório Sebrae Startups, a partir de um diagnóstico realizado entre novembro e dezembro de 2023, com uma amostra significativa dessas empresas no país. 

O Startups de Impacto Reports Brasil é uma produção do Observatório Sebrae Startups, uma plataforma agregadora de dados que busca integrar e democratizar o acesso a informações de startups brasileiras. Trata-se do primeiro estudo realizado no Brasil com recorte de startups de impacto, com o intuito de apresentar as startups e negócios inovadores de impacto socioambiental mapeados pelo Sebrae. 

O Sebrae destaca que as descobertas obtidas por meio do Report Brasil trazem informações cruciais sobre as características e tendências dessas startups, ampliando a compreensão geral do ecossistema. 

Tendo o Norte como destaque nesses resultados, o documento traz uma reflexão sobre o maior desafio enfrentado pelas startups de impacto de qualquer região: o acesso a financiamento e capital. Outro dado ressaltado pelo Reports é o de que mais da metade das startups de impactos brasileiras focam seus esforços em resolver questões do meio ambiente, especialmente aquelas causadas pelas pessoas, como a emissão de gases de efeito estufa e gestão de resíduos, como as greentechs ou cleantechs. 

Ao fazer esse mapeamento, o estudo ressalta a riqueza da diversidade brasileira que fica evidente no cenário das startups refletindo um potencial empreendedor ativo em todas as regiões do país. O documento aponta que as regiões Sudeste e Nordeste despontam como líderes, abrigando juntas mais de 60% das startups de impacto. Já as regiões Sul e Norte apresentaram uma participação semelhante no número de startups de impacto, contribuindo com 15% cada. 

Para Bruno Quick, diretor Técnico do Sebrae Nacional, fazer um diagnóstico de startups de impacto socioambiental permite ao Sebrae identificar o potencial dessas empresas para gerar transformações positivas na sociedade e no meio ambiente. (Foto: Divulgação Sebrae)

“Isso ajuda a orientar melhor os recursos e suporte oferecido, promovendo o crescimento dessas startups e maximizando seu impacto positivo”, ressalta o diretor, no documento.

Na avaliação de Ingrid Barth, presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), os mapeamentos são importantes para colocar as startups sob os holofotes, especialmente quando se analisam nichos específicos de atuação. (Foto: Amanda Mota)

“Quando o Sebrae For Startups idealizou e iniciou este estudo no final do ano passado, esse era o objetivo principal: destacar as startups ligadas à ESG atuantes e identificar quais são suas maiores dificuldades e demandas atuais. Como consequência, espera-se que o mercado volte a olhar para essas startups e esteja preparado para lidar com os desafios necessários”, ressalta. 

Ao comentar o destaque recebido pela região Norte no Report, Barth observa que, historicamente, o Sudeste é a região do Brasil com maior acesso à capital, seguida pelo Sul.

“Por conta disso essas regiões já passaram por um boom significativo de startups e estão mais maduras em termos de ecossistema empreendedor. Já em outras regiões, como o Nordeste e o Norte, o momento é de crescimento e expansão”, destaca. 

No entanto, segundo Ingrid, o estudo veio mostrar e ressaltar que o potencial empreendedor do Brasil é enorme em todas as regiões.

“Mas o que estamos vendo é que cada região brasileira vai explorar essa inovação de forma diferente”, pondera. 

Papel da ABstartups

Com o objetivo de apoiar o desenvolvimento das startups brasileiras, a Abstartups, conforme a presidente Ingrid Barth, quer ampliar a visibilidade nacional e internacional para esses negócios escaláveis, com atuação em frentes diversas. Um dos trabalhos está relacionado aos programas e eventos ligados à capacitação de empreendedores, como o programa de mentorias.

“Também facilitamos a conexão de startups com outros stakeholders do mercado e lançamos recentemente a área de capital com esse viés de aproximar empreendedores de fundos de investimentos.  Também faz parte de nossa missão representar os interesses das startups e promovê-las perante as instituições governamentais e perante o mercado”, enfatiza. 

Na perspectiva da Abstartups, ainda há muito para evoluir em termos de região Norte nesse cenário, mas não se pode negar que existe, nos dias de hoje, maior capilaridade de acesso a investimentos e infraestrutura necessários para inovação, o que é um fator positivo para o desenvolvimento de startups em todo o país.

“Precisamos analisar é que as demandas de cidades do Sudeste e Sul do país são diferentes das que surgem nas demais regiões. As questões políticas, sociais e ambientais são mais abrangentes e mais discutidas e as startups surgem como soluções de enfrentamento para esses problemas”, destaca Ingrid Barth. 

Outro ponto, de acordo com a presidente da Associação, é o fato de as discussões globais terem mudado muito nos últimos anos, o que ocasionou a abertura de espaço para que mais startups de impacto socioambiental pudessem surgir, coincidindo com um período de expansão nas regiões Norte e Nordeste. 

Com o Startup20, conforme Ingrid, foi possível observar uma característica importante das startups da região Norte em relação às demais regiões.

“Elas estão usando matérias-primas regionais para acelerar o desenvolvimento da própria região. Mas isso não significa que essas startups não tenham um potencial de expansão, muito pelo contrário, já que os olhos do mundo estão voltados para a Amazônia. E com domínio dessas empresas locais, a região Norte brasileira tem a chave do desenvolvimento sustentável nas mãos”, observa. 

Alessandra Leite – Especial para o i9Brasil Portal de Notícias

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