Tokenização: Solução Inovadora para os Produtores na Amazônia

*Davi Albuquerque é CEO da startup Rehearsal, acadêmico de Jornalismo na UFAM e Digital Product Leardership na Tera.
Palavras-chave: Inovação, Sustentabilidade, Produção Rural, Amazônia.
Qual deve ser o papel das startups no atual cenário socioambiental em que vivemos?
A crescente concentração de riqueza global e a disparidade entre os dividendos dos acionistas e os salários nos últimos anos são questões que exigem novas abordagens para incluir os principais atores da bioeconomia: os produtores rurais.
Em um cenário onde 1% da população detém 43% dos ativos financeiros globais, como garantir que aqueles que preservam e cultivam o solo, como os agricultores da Amazônia, tenham acesso às ferramentas necessárias para prosperar?
Esse desafio, comum a muitas regiões, é especialmente complexo na Amazônia, onde os produtores enfrentam questões logísticas, climáticas e geográficas.
No entanto, as startups, como a Btracer, têm surgido como parceiras inovadoras, oferecendo soluções tecnológicas que alavancam a produção e a sustentabilidade.
A Btracer, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e da aceleradora Osten Digital, criou uma solução inovadora para esse problema: o Hope Green.
Este projeto utiliza tokens não-fungíveis (NFTs) para rastrear e monitorar mudas de árvores nativas e produtivas, cultivadas por pequenos agricultores familiares na Amazônia.
Cada árvore plantada por esses agricultores tem um registro digital exclusivo, que acompanha seu crescimento e impacto ambiental.
Empresas que compram esses NFTs financiam o cultivo e a manutenção das árvores, o que gera uma fonte de renda sustentável para os produtores, além de contribuir diretamente para a restauração e preservação da floresta amazônica.
A proposta do Hope Green é não apenas incentivar o reflorestamento, mas também garantir a manutenção da floresta ao longo do tempo, criando um ciclo de valorização contínuo para as áreas de produção rural.
A união da esfera pública e privada é um incentivo necessário.
A Osten, que faz parte do conglomerado de startups Osten Moove, enxergou o diferencial da Btracer por sua proposta de transformação digital da agricultura familiar e pela parceria com grandes corporações como Nestlé e Rumo Logística.
Esses pilotos com empresas de renome global não só validaram o potencial da Btracer, mas também aprimoraram suas ferramentas tecnológicas.
Com o apoio da Osten, a Btracer projeta faturar R$ 3,36 milhões em dois anos com os projetos Hope Green e Viva Amazônia, impactando 340 famílias de produtores e rastreando 124.000 mudas.
A empresa também planeja expandir suas operações para o Brasil todo, oferecendo aos agricultores acesso a crédito e tecnologias que possibilitem o crescimento de seus negócios.
A Btracer não para por aí e já está explorando oportunidades no mercado europeu, com um projeto em Portugal que visa levar a solução a toda a Europa.
A transformação digital como um caminho para a sustentabilidade
Esse é um exemplo claro da união de tecnologia e inovação para enfrentar desafios socioambientais complexos.
Com a integração das ferramentas digitais com práticas sustentáveis, as startups podem ser a força motriz de uma revolução na forma como a agricultura familiar se conecta com o mercado e a preservação ambiental.
Ao fornecer aos produtores rurais as ferramentas certas, como a rastreabilidade digital por meio de NFTs, é possível gerar uma fonte de renda sustentável, promover o reflorestamento e, ao mesmo tempo, estimular a inovação e o desenvolvimento socioeconômico.
No fim, todos ganham: o produtor, a floresta e o Brasil, que se posiciona como exemplo global de sustentabilidade e qualidade em produtos agrícolas.