Por Clara Fragôso* – Pesquisadora da área de Tecnologia e Inovação em Educação, Especialista em Tecnologias para Educação Profissional e Tecnológica e em Gestão Pública. Fundadora da empresa de Educação Digital Futuro Docente.

Em universidades públicas e privadas, ao analisar a descrição e as matrizes curriculares dos cursos de Pedagogia, encontramos duas principais áreas de atuação para estes profissionais:

1. lecionar na educação infantil, no ensino fundamental (anos iniciais) e na educação de jovens e adultos;
2. ou trabalhar na gestão educacional, especialmente nos cargos de direção escolar e coordenação pedagógica.

Assim, o egresso desta licenciatura, muitas vezes, conclui a graduação considerando apenas pleitear vagas de concurso público para Educação Básica ou se candidatar a vagas de emprego em escolas particulares. No entanto, nem sempre são incentivadas, ou mesmo apresentadas, as possibilidades de empreender na educação.

Conforme a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (ODCE), empreendedorismo é um fenômeno associado a uma atividade empreendedora, na qual pessoas empreendedoras procuram gerar valor, através da criação ou expansão de atividade econômica, da identificação e aproveitamento de novos produtos, processos ou mercados.

As razões para abrir o próprio negócio podem ser inúmeras, dentre elas está o chamado “empreendedorismo por necessidade”  – quando, sem alternativa de trabalho, alguém busca garantir o seu sustento ou de sua família – mas também há profissionais que desejam empreender para ter mais flexibilidade na gestão sobre seu tempo, oportunidades de trabalho mais lucrativas, liberdade geográfica, satisfação pessoal, independência financeira, entre tantos outros motivos.

Considerando uma sociedade em constante mudança, influenciada pelas transformações tecnológicas, o autor Pierre Lévy  afirma em seu livro intitulado “Cibercultura”:

Pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das competências adquiridas por uma pessoa no começo de seu percurso profissional serão obsoletas no fim de sua carreira. A segunda constatação fortemente ligada à primeira concerne à nova natureza do trabalho na qual a parte de transação de conhecimentos não para de crescer. Trabalhar equivale cada vez mais a aprender a transmitir saberes e produzir conhecimentos. Terceira constatação: o ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas: memória (bancos de dados, hiperdocumentos, arquivos digitais de todos os tipos), imaginação (simulações), percepção (sensores digitais, telepresença, realidades virtuais), raciocínios (inteligência artificial, modelização de fenômenos complexos) (LÉVY, 2010, p. 159).

Neste contexto, já é possível identificar no mercado de trabalho Pedagogos e Pedagogas com perfis inovadores que enxergaram diferentes alternativas de aplicação de seus conhecimentos específicos na área empresarial. Citaremos alguns exemplos de atividades a seguir:

• Espaço de Atendimento Pedagógico/Psicopedagógico ou Sala de Aula Particular;
• Empresa especializada em Formação de Professores (Cursos, Palestras, Oficinas, Workshops);
• Consultoria para educação coorporativa (treinamento de pessoas e desenvolvimento organizacional);
• Educação à distância com Cursos Online;
• Produção e venda de recursos, jogos, brinquedos educativos e/ou materiais didáticos autorais;
• Cursos preparatórios para concursos e processos seletivos na área educacional;
• Creche ou Escola Particular;
• Editora de livros infantis e livros didáticos;
• Assessoria em Trabalhos Acadêmicos, TCCs, Artigos, Projetos de Pesquisa, etc.

Gostou de pensar um pouco fora da caixa? Este artigo tem dois objetivos principais: o primeiro deles de simplesmente apresentar oportunidades de negócio na área educacional, e o segundo (não menos importante!) de refletir sobre a necessidade de busca constante por formação continuada, especialmente quando o Pedagogo ou Pedagoga deseja ingressar para o ramo empresarial. Se você tem esse interesse e a sua formação inicial não abordou temas relativos à gestão financeira e/ou plano de negócio, é hora de se atualizar!

Clara Fragôso* – Pesquisadora integrante do Grupo de Pesquisa em Tecnologia e Inovação em Educação do Programa de Mestrado em Educação Básica da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP), Especialista em Tecnologias para Educação Profissional e Tecnológica e em Gestão Pública pelo Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ex-advogada. Fundadora da empresa de Educação Digital Futuro Docente.

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