Eventos de astrofísica despertam interesse para o crescimento da nova ciência
O Instituto Principa realizou, nos meses de maio e junho, o Programa Principia em Astrofísica Multi-Mensageiros e a Escola Avançada São Paulo de Astrofísica Multi-Mensageiros. O intuito foi apoiar o crescimento dessa nova área de pesquisa.
O Programa Principia em Astrofísica Multi-Mensageiros ocorreu entre os dias 22 de maio e 16 de junho, com a participação de um grupo de especialistas que mapearam os principais desafios e oportunidades de pesquisas na área, bem como as perspectivas de novas descobertas em Astrofísica, Cosmologia e Física Fundamental que se transformarão em resultados dessas pesquisas. A realização do programa ocorreu em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
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Para o coordenador dos eventos, professor doutor do Instituto de Física da USP e pesquisador na área de Cosmologia e Astrofísica, Raul Abramo, o programa pretende identificar de que maneira as comunidades brasileiras de Física e Astronomia devem se preparar para as novas oportunidades que chegarão, especialmente a partir do aumento da quantidade e da qualidade de dados de eventos detectados em múltiplos mensageiros.
Um dos assuntos debatidos no evento foi a capacidade das indústrias locais e o nível de know-how em engenharia que poderiam dar suporte em instrumentação científica, contribuindo com componentes locais para esses experimentos. O Programa se comprometeu em preparar um documento (White paper) no qual será sintetizado o teor de todas as discussões e principais conclusões.
Escola Avançada São Paulo de Astrofísica Multi-Mensageiros
A Escola Avançada São Paulo de Astrofísica Multi-Mensageiros ocorreu entre os dias 29 de maio e 7 de junho, com o objetivo de introduzir a MMA (Multi-Messenger Astrophysics), para jovens pesquisadores interessados nessa nova e na animadora área da ciência.
Foram ofertados seis cursos introdutórios para estudantes de pós-graduação e pós-doutorandos, incluindo aulas, sessões hands-on, apresentações de estudantes, além de seminários feitos pelos participantes do Programa.
A Escola Avançada contou com significativo apoio financeiro da FAPESP, possibilitando a participação de estudantes do Brasil e do exterior no evento. Das 100 vagas disponibilizadas, participaram 76 alunos, entre brasileiros e estrangeiros, além de 12 palestrantes.
Para o aluno de doutorado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Oliveira, o grande tema do evento foi a física de mensageiros diferentes. “São diferentes formas de observar o céu e eventos que acontecem até mesmo fora da galáxia, que chegam até nós por diferentes mensageiros. Você tem a luz, tem partículas, tem as ondas gravitacionais”, exemplificou.
Marcelo participa da colaboração “DUNE”, um experimento que está em construção. “Está em fase de elaboração e pretende começar a tomar dados em alguns anos, mas o meu trabalho está mais voltado para a programação, simulação. A minha tese é tentar ver qual é a sensitividade que o DUNE vai comportar, frente à medida de neutrinos atmosféricos, que são partículas produzidas na atmosfera, parâmetros que a gente não conhece muito bem sobre essas partículas. Vou tentar avaliar se a gente vai ter sensitividade para esses parâmetros usando neutrinos atmosféricos”, explicou.
DUNE vem da sigla em Inglês Deep Underground Neutrino Experiment e consiste em maciços detectores de partículas de 70 mil toneladas. Trata-se do mais ambicioso empreendimento já concebido para o estudo dos neutrinos, pois além do investimento bilionário, é destinado a investigar em profundidade a estrutura da matéria e a responder algumas das mais inquietantes perguntas relativas à formação do universo.
O físico Ph.D. indiano Sujay Shil elogiou o evento e disse que aproveitou para assistir as palestras relacionadas a sua área de pesquisa, como neutrinos e matéria escura. “O evento foi muito importante para os debates e aprendizado. Pude ouvir palestras relacionadas ao meu projeto recente, que foi estudar assinatura de colisores que podem investigar a fase eletrofraca”, disse Sujay Shil, que fez o pós-doutorado na USP e também está trabalhando em projetos de fenomenologia de matéria escura.
A energia escura, que é a responsável pela expansão do universo, corresponde a cerca de 70% de sua composição total, sendo o restante algo denominado matéria escura, de natureza desconhecida, embora alguns cientistas indiquem se tratar de buracos negros primordiais ou partículas exóticas.
Portal i9Brasil, com informações e fotos do Instituto Principia