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Produtores de chocolate adotam tecnologia para rastrear origem do cacau e combater trabalho escravo

7 de julho de 2023

A indústria do chocolate enfrenta desafios significativos quando se trata de garantir a procedência, a qualidade e a sustentabilidade dos produtos. Os consumidores estão cada vez mais interessados em conhecer a origem dos ingredientes e em apoiar marcas que se comprometem com práticas éticas e sustentáveis.

A indústria do chocolate tem recorrido à tecnologia blockchain, conhecida por ser a base do bitcoin, como uma maneira de garantir a procedência de sua principal matéria-prima, o cacau, que em muitas regiões está associado ao trabalho escravo ou condições semelhantes à escravidão.

Embora o Brasil seja um importante produtor de cacau, a maioria do suprimento utilizado mundialmente provém de apenas dois países: Gana e Costa do Marfim, que abastecem uma indústria que movimenta mais de 10 bilhões de dólares anualmente.

A cadeia de suprimentos do chocolate é complexa e envolve múltiplos atores, desde produtores de cacau até fabricantes de chocolate. A falta de transparência nessa cadeia dificulta a verificação das práticas sustentáveis, como a produção sem trabalho infantil e o cultivo responsável do cacau. Além disso, problemas de qualidade e segurança alimentar também podem surgir, afetando a confiança dos consumidores.

Para romper com esta situação a empresa holandesa Tony’s Chocolonely está usando a tecnologia blockchain para rastrear cada lote de grãos. Para curar a cadeia de abastecimento, a Tony’s paga 40% sobre o preço do produtor. Como a Tony’s sabe de quais agricultores vêm seus grãos, eles podem pagar a mais para recompensar esses agricultores usando práticas de negócios sustentáveis ​​e seguras.

O blockchain é um livro-razão digital, descentralizado e imutável, onde as transações são registradas de forma transparente e segura. Ele permite que informações sejam compartilhadas de maneira confiável entre os participantes da rede, eliminando intermediários e reduzindo a possibilidade de adulteração de dados. Cada transação é registrada em um bloco e vinculada criptograficamente ao bloco anterior, formando uma cadeia de blocos.

Com a tecnologia blockchain, cada etapa da cadeia de suprimentos do cacau pode ser registrada de forma transparente e imutável.

Desde o cultivo do cacau até a fabricação do chocolate, informações cruciais, como origem geográfica, métodos de cultivo, condições de trabalho e práticas sustentáveis, podem ser registradas em cada transação. Isso permite que os consumidores acessem facilmente informações confiáveis sobre o produto que estão adquirindo.

Produtores rurais que trabalham no sul da Bahia também estão adotando a tecnologia blockchain para rastrear e certificar a sua produção de cacau. O grupo formado por IG Sul da Bahia, Cooperativas Associadas (entre elas a Cooperativa de Serviços Sustentáveis da Bahia, Cooperativa de Pequenos Produtores de Cacau, Mandioca e Banana do Centro da Região Cacaueira e Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências) e o Centro de Inovação do Cacau (CIC) são as entidades que participam da iniciativa.

A rastreabilidade proporcionada pela blockchain permite um controle mais efetivo da qualidade do chocolate. Se ocorrer um problema, como contaminação ou má qualidade do cacau, é possível identificar rapidamente a origem do problema e tomar medidas corretivas. Além disso, as informações detalhadas sobre as práticas de cultivo e produção podem ser utilizadas para certificar a qualidade do produto e diferenciar marcas no mercado.

A tecnologia blockchain tem o potencial de transformar a indústria do chocolate, garantindo a rastreabilidade completa da cadeia de suprimentos e promovendo a qualidade e a sustentabilidade dos produtos. A transparência fornecida pela tecnologia permite que os consumidores façam escolhas informadas, apoiando marcas comprometidas com práticas éticas e sustentáveis.

À medida que a conscientização dos consumidores aumenta, a adoção do blockchain na indústria do chocolate pode se tornar um diferencial competitivo crucial para as empresas do setor, impulsionando a confiança e o crescimento sustentável.

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